Coordenadora de projeto social ganha a 37ª medalha Orgulho do Rio por transformar estudantes de comunidades pobres em dançarinos de sucesso internacional
Rio de Janeiro – Inspirado no Balé Nacional de Cuba, que transformou dezenas de órfãos e crianças vítimas de extrema pobreza em bailarinos famosos, o Projeto Dançando Para Não Dançar vem revelando artistas de dança clássica em diversas comunidades carentes do Rio. Muitos deles já atuam como profissionais em companhias europeias.
A criadora do projeto, que está completando 18 anos de existência, é a professora de dança Tereza Aguillar, de 45, formada na Escola de Dança de Berlim, na Alemanha — instituição que atualmente oferece bolsas de estudo aos alunos do projeto que mais se destacam. Por seu espírito guerreiro e empreendedor, Tereza recebeu de O DIA a 37ª Medalha Orgulho do Rio, entregue às pessoas que contribuem para uma cidade melhor.
“A dança é mais que uma arte; ela é uma perspectiva de vida. E essa medalha vem provar isso”, disse ela, aplaudida pela garotada.
Atualmente, o projeto tem 800 jovens matriculados. Eles têm aulas na sede do projeto, na Rua Frei Caneca 139, no Centro, e em oito salas que atendem turmas de 13 comunidades das zonas Sul e Norte do Rio. O Dançando Para não Dançar é ajudado por parceiros que oferecem bolsas de estudos em cursos de idiomas, tratamento dentário, plano de saúde e diversos outros benefícios aos futuros dançarinos do Rio.
Estudante fez estágio na Alemanha e agora é monitora do projeto
A estudante Raísa Gregório, 18, moradora da Rocinha, acaba de voltar de estágio de Pedagogia na Escola de Dança de Berlim e assumiu a responsabilidade de monitorar turmas do projeto, do qual participa desde os 7 anos de idade. “Faço Faculdade de Dança e, se Deus quiser, serei profissional com chances de me apresentar em diversos palcos do mundo”, diz.
Exemplos como o dela enchem de orgulho Tereza, que não esmoreceu diante dos obstáculos que cruzavam seu caminho. O principal deles foi a violência que imperava nas favelas. Várias vezes, professores e monitores ficaram no fogo cruzado entre grupos de traficantes e a polícia.
“Uma noite, na favela do Jacaré, tivemos que ficar deitados no chão, saindo do caminho das balas perdidas; professoras continuavam tocando flauta-doce para tentar tranquilizar as crianças”, conta Tereza.
Por Claudio Vieira – Fonte
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